Caso da Choquei gera debate sobre a regulamentação das redes sociais

Influenciadores, políticos e internautas se pronunciaram sobre o caso de fake news que gerou a morte de uma jovem.

 Na última semana, o perfil “Choquei” e várias páginas de fofoca divulgaram uma suposta conversa entre Whindersson Nunes e uma jovem identificada como Jéssica Vitória Canedo. Na ocasião, a moça negou que se tratasse de uma conversa real, posição também expressa pelo influenciador, que afirmou não conhecer a jovem.

No entanto, com a divulgação dos prints, a jovem tornou-se alvo de ataques nas redes sociais. Na sexta-feira (22), a mãe de Jéssica comunicou o falecimento da filha. Na semana anterior, a mãe havia publicado um vídeo apelando para que parassem os ataques, mencionando os problemas emocionais e a luta contra a depressão de Jéssica, que havia tentado tirar a própria vida algumas vezes.

Após a morte de Jéssica, a postagem com os prints falsos foi removida pela “Choquei” e outras páginas de fofoca no Instagram e X, antigo Twitter

O caso gerou uma grande repercussão nas redes sociais acerca da responsabilidade das páginas de fofoca e do próprio público na propagação de fake news e discursos de ódio na internet. Políticos, influenciadores e o público no geral falaram sobre a necessidade de regulamentação das redes sociais. Confira alguns posicionamentos:

Declaração da Choquei

Em suas redes sociais, a Choquei se isentou de responsabilidade pela tragédia. A página defendeu a liberdade de expressão e o direito à informação como fundamentais em sua postura.

“Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com os familiares e todos os afetados pelo triste acontecimento. Reforçamos nosso compromisso em agir com diligência e responsabilidade. O perfil Choquei (@choquei), por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade à ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas.”, dizia a nota do portal.

“Em relação aos eventos que circulam nas redes sociais e que foram associados a um trágico evento envolvendo a jovem Jéssica Vitória Canedo, queremos ressaltar que todas as publicações foram feitas com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício do direito à informação. O compromisso deste perfil sempre foi e será com a legalidade, responsabilidade e ética na divulgação de informações dentro dos limites estabelecidos na Constituição Federal, em especial no art. 5º, inciso IX. Por fim, reafirmamos nosso respeito pela intimidade, privacidade, bem-estar e pela integridade”, continuou a nota a nota, assinada pela advogada Adélia de Jesus Soares.

Posicionamento de Influenciadores

Whindersson Nunes, que já havia negado a veracidade dos prints, divulgou um vídeo abordando o incidente após o falecimento de Jéssica. No vídeo, o influenciador enfatizou que não tinha qualquer conhecimento prévio da jovem e que estava fora do país durante o episódio. Comprometeu-se a acompanhar as investigações do caso.

Além disso, Whindersson expressou seu desejo de promover a criação da Lei Jéssica Vitória, propondo que grandes páginas sejam reconhecidos e disponham de um canal de atendimento. O influenciador destacou, no vídeo, que a “lei deve trazer uma sanção civil ou criminal para essa pessoa que posta uma conversa pública, que não vai atrás da verdade dos fatos”. 

Maria Bomani, ex-participante do BBB e cantora, compartilhou suas reflexões em um vídeo sobre o incidente. Ela afirmou: “As páginas de fofoca contribuíram para a morte da Jéssica. As páginas de fofoca estão matando a saúde mental de várias pessoas. O público também contribuiu pra morte da Jéssica. As pessoas tem que ser responsabilizadas pelos atos delas, inclusive na internet.”

Igor, criador do Flow Podcast, expressou sua indignação diante da trágica notícia da morte da jovem decorrente de desinformação. Em suas palavras: “Dá pra tu matar alguém com uma mentira ou com uma história mal contada, sem conferir antes se é verdade. Se for por desonestidade, ainda, pior. E tá tendo bastante, viu? TEM TIDO bastante, na verdade”, destacou em uma publicação.

Políticos comentam a regulamentação

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, expressou pesar pela morte de Jéssica Canedo, considerando-a como o segundo caso de suicídio provocado por informações falsas. Ele ressaltou a necessidade de regulamentação para evitar novas tragédias, afirmando: “A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”.

Eduardo Suplicy, deputado estadual por São Paulo e ex-senador por 24 anos, também se manifestou sobre o caso. Ele destacou: “Nos últimos dias acompanhei o desfecho trágico no caso de jovens que tiveram sérias complicações de saúde mental ao serem vítimas de violências nas redes sociais. É urgente que a legislação intervenha e responsabilize os que propagam inverdades e fake news”.

Opinião dos internautas sobre o Caso Choquei

Nas plataformas online, os usuários também se posicionaram, clamando por justiça diante do caso. Além disso, muitos elogiaram uma reportagem veiculada no jornal da Band sobre o ocorrido e falaram sobre regulamentação das redes sociais. A seguir, confira a opinião dos internautas:

usuário comentando sobre reportagem da band usuário comentado sobre reportagem da band sobre a choquei

usuário falando sobre o dono da choquei usuário comentando sobre regulamentação das redes sociais

usuário elogiando matéria do jornal band usuário comentando sobre regulamentação das redes

(Imagens: Reprodução/X)

  • Mayrla Stayce

    Repórter estagiária em formação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *