Na última semana, o perfil “Choquei” e várias páginas de fofoca divulgaram uma suposta conversa entre Whindersson Nunes e uma jovem identificada como Jéssica Vitória Canedo. Na ocasião, a moça negou que se tratasse de uma conversa real, posição também expressa pelo influenciador, que afirmou não conhecer a jovem.
No entanto, com a divulgação dos prints, a jovem tornou-se alvo de ataques nas redes sociais. Na sexta-feira (22), a mãe de Jéssica comunicou o falecimento da filha. Na semana anterior, a mãe havia publicado um vídeo apelando para que parassem os ataques, mencionando os problemas emocionais e a luta contra a depressão de Jéssica, que havia tentado tirar a própria vida algumas vezes.
Após a morte de Jéssica, a postagem com os prints falsos foi removida pela “Choquei” e outras páginas de fofoca no Instagram e X, antigo Twitter.
O caso gerou uma grande repercussão nas redes sociais acerca da responsabilidade das páginas de fofoca e do próprio público na propagação de fake news e discursos de ódio na internet. Políticos, influenciadores e o público no geral falaram sobre a necessidade de regulamentação das redes sociais. Confira alguns posicionamentos:
Declaração da Choquei
Em suas redes sociais, a Choquei se isentou de responsabilidade pela tragédia. A página defendeu a liberdade de expressão e o direito à informação como fundamentais em sua postura.
Comunicado oficial. pic.twitter.com/3dTXX6ETlN
— CHOQUEI (@choquei) December 23, 2023
“Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com os familiares e todos os afetados pelo triste acontecimento. Reforçamos nosso compromisso em agir com diligência e responsabilidade. O perfil Choquei (@choquei), por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade à ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas.”, dizia a nota do portal.
“Em relação aos eventos que circulam nas redes sociais e que foram associados a um trágico evento envolvendo a jovem Jéssica Vitória Canedo, queremos ressaltar que todas as publicações foram feitas com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício do direito à informação. O compromisso deste perfil sempre foi e será com a legalidade, responsabilidade e ética na divulgação de informações dentro dos limites estabelecidos na Constituição Federal, em especial no art. 5º, inciso IX. Por fim, reafirmamos nosso respeito pela intimidade, privacidade, bem-estar e pela integridade”, continuou a nota a nota, assinada pela advogada Adélia de Jesus Soares.
Posicionamento de Influenciadores
Whindersson Nunes, que já havia negado a veracidade dos prints, divulgou um vídeo abordando o incidente após o falecimento de Jéssica. No vídeo, o influenciador enfatizou que não tinha qualquer conhecimento prévio da jovem e que estava fora do país durante o episódio. Comprometeu-se a acompanhar as investigações do caso.
Além disso, Whindersson expressou seu desejo de promover a criação da Lei Jéssica Vitória, propondo que grandes páginas sejam reconhecidos e disponham de um canal de atendimento. O influenciador destacou, no vídeo, que a “lei deve trazer uma sanção civil ou criminal para essa pessoa que posta uma conversa pública, que não vai atrás da verdade dos fatos”.
Em memória de Jessica Vitória 🥀🙏🏼 pic.twitter.com/MqkHk5gxiC
— Whindersson (@whindersson) December 25, 2023
Maria Bomani, ex-participante do BBB e cantora, compartilhou suas reflexões em um vídeo sobre o incidente. Ela afirmou: “As páginas de fofoca contribuíram para a morte da Jéssica. As páginas de fofoca estão matando a saúde mental de várias pessoas. O público também contribuiu pra morte da Jéssica. As pessoas tem que ser responsabilizadas pelos atos delas, inclusive na internet.”
VEJAM NA ÍNTEGRA NO PERFIL DA @eumaria pic.twitter.com/2cEzix3ePY
— Vyni (@vyniof) December 24, 2023
Igor, criador do Flow Podcast, expressou sua indignação diante da trágica notícia da morte da jovem decorrente de desinformação. Em suas palavras: “Dá pra tu matar alguém com uma mentira ou com uma história mal contada, sem conferir antes se é verdade. Se for por desonestidade, ainda, pior. E tá tendo bastante, viu? TEM TIDO bastante, na verdade”, destacou em uma publicação.
Políticos comentam a regulamentação
O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, expressou pesar pela morte de Jéssica Canedo, considerando-a como o segundo caso de suicídio provocado por informações falsas. Ele ressaltou a necessidade de regulamentação para evitar novas tragédias, afirmando: “A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento”.
Em menos de um mês este é o segundo caso de suicídio de pessoa jovem – e que guarda relação com a propagação de mentiras e de ódio em redes sociais – de que tenho notícia. Tragédias como esta envolve questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção,…
— Silvio Almeida (@silviolual) December 23, 2023
Eduardo Suplicy, deputado estadual por São Paulo e ex-senador por 24 anos, também se manifestou sobre o caso. Ele destacou: “Nos últimos dias acompanhei o desfecho trágico no caso de jovens que tiveram sérias complicações de saúde mental ao serem vítimas de violências nas redes sociais. É urgente que a legislação intervenha e responsabilize os que propagam inverdades e fake news”.
Nos últimos dias acompanhei o desfecho trágico no caso de jovens que tiveram sérias complicações de saúde mental ao serem vítimas de violências nas redes sociais. É urgente que a legislação intervenha e responsabilize os que propagam inverdades e fake news. https://t.co/kFzKCDmXWM
— Eduardo Suplicy (@esuplicy) December 24, 2023
Opinião dos internautas sobre o Caso Choquei
Nas plataformas online, os usuários também se posicionaram, clamando por justiça diante do caso. Além disso, muitos elogiaram uma reportagem veiculada no jornal da Band sobre o ocorrido e falaram sobre regulamentação das redes sociais. A seguir, confira a opinião dos internautas:
(Imagens: Reprodução/X)