Influenciadores reagem nas redes sociais após investigação sobre “jogo do aviãozinho” da Blaze ser revelada no Fantástico

A Blaze vem sendo acusada por não pagar os valores mais altos aos ganhadores. Influenciadores que participam da divulgação também são alvo de investigação.

No último domingo (17), o Fantástico, da TV Globo, exibiu com exclusividade uma reportagem sobre a investigação policial envolvendo a plataforma de apostas e cassino online Blaze e a promoção dos jogos por meio de influenciadores digitais. A reportagem de apenas oito minutos gerou um grande impacto nas redes sociais, com influenciadores se justificando e muitas opiniões por parte público. O buzz sobre o tema manteve vários nomes envolvidos nos trending topics do X até esta segunda (18).

O Fantástico revelou que a Blaze está sendo investigada por estelionato pela Polícia de São Paulo após apostadores denunciarem que prêmios de valores mais altos não estavam sendo pagos. Na matéria, foram entrevistadas pessoas que ganharam até R$ 100 mil no jogo, mas não puderam fazer o resgate do valor.

O jogo exposto na reportagem foi o Crash, conhecido como “jogo do aviãozinho”, no qual um avião inicia um voo e a premiação aumenta conforme a altitude. O apostador precisa decidir o momento de encerrar o voo, antes que a palavra “crashed” apareça; do contrário, perde a rodada e o valor investido. Este tipo de jogo de azar é ilegal no Brasil. No entanto, a Blaze não tem sede ou representantes legais no país, dificultando as investigações.

Com o envolvimento de grandes influenciadores na divulgação da plataforma e do jogo, o debate entre o público nas redes sociais envolveu também a responsabilidade dessas personalidades e o fato de jogos de azar causarem muitos prejuízos ao público, sobretudo àqueles com menos condições financeiras.

Influenciadores e a Blaze

A reportagem do Fantástico mostrou sete influenciadores que também estão sendo investigados por divulgação ilegal deste jogo: Viih Tube, Juju Ferrari, Jon Vlogs, Mel Maia, Rico Melquiades, Juju Salimeni e MC Kauan.

Em nota enviada ao Fantástico, Viih Tube alegou que ao saber sobre as denúncias contra a Blaze pediu o encerramento do contrato com a empresa. A influenciadora também fez stories em seu Instagram admitindo o erro e pedindo desculpas aos seus seguidores. Já Mel Maia, por meio de seus advogados, disse que não possuía conhecimento sobre as investigações e que foi apenas contratada para realizar ações de publicidade.

Viih Tube se pronunciou nos stories sobre o caso de investigação da blaze
Influenciadora Viih Tube se pronunciou nos stories sobre rompimento de contrato com a Blaze. (Créditos: reprodução/Instagram)

Já Juju Salimeni não realizou nenhuma declaração oficial em sua defesa para a reportagem, mas em seu perfil do Instagram se justificou para os mais de 20 milhões de seguidores e criticou a emissora por fazer propaganda de uma outra casa de apostas: “hipocrisia”, escreveu.

No primeiro momento, a equipe de Rico Melquiades disse que só foi contatada pela equipe jornalística na sexta (15), o influenciador só ficou sabendo do caso no sábado (16) e optou por não respondeu à equipe do programa.

Depois da exibição do programa e da repercussão que ganhou nas redes, Rico debochou da situação no story do Instagram. “Amanhã apareço por aqui com promoção nova na Blaze. Não obrigo ninguém a jogar, me poupe!!!”, escreveu . No entanto, a publicação foi apagada pouco depois e substituída por um vídeo em que o influenciador afirma que está assustado e que ainda vai conversar com a sua equipe jurídica e com a equipe da Blaze para entender o que está acontecendo.

Rico Melquiades publicou sobre o caso da Blaze nos stories: "não obrigo ninguém a jogar".
Rico Melquiades publicou sobre o caso da Blaze nos stories. (Créditos: reprodução/Instagram)

Já Carlinhos Maia, em seu perfil do Instagram, disse que divulgava alguns jogos, mas nunca jogou. Além disso, disse que as pessoas jogam porque querem. “Se eu disser: pule do penhasco, você vai pular porque eu tô dizendo a você? Não… Você joga porque você quer”, disse o humorista, em tom alterado.

Considerado o pioneiro da prática entre os influencers do Brasil, Jon Vlogs deu sua opinião sobre o assunto e também atacou a Globo nos stories do Instagram,

“Eles estão pagando e isso é publicidade. Cassino sempre vai pagar muito bem um influenciador. […] Gente, vamos ser sinceros, tá todo mundo aí cheio de dinheiro… Mas é o seguinte, cassino é tudo igual… E outra, regulamento não existe no país, é um lugar que ainda está sendo regulamentado”, continuou. “É tanto hipocrisia, tanto dos influencers quanto da emissora! É incrível, pois o maior programa [da Globo], que é o Big Brother Brasil, é patrocinado por uma casa de apostas igual a Blaze. Lá, você tem o aviãozinho que foi citada na matéria como o maior golpe da Blaze, tem lá nessa casa de apostas”, disse o influencer.

Público cobra responsabilidade de Influenciadores que divulgam a Blaze

O caso gerou discussões na internet, tanto pelos influenciadores estarem se justificando para os seguidores e por estarem brigando entre si. Muitos usuários da internet questionaram a credibilidade desses criadores de conteúdo diante do escândalo e os acusaram de “explorar  e enganar os seguidores”, cobrando responsabilidade dessas personalidades.

No X, (antigo Twitter), os termos relacionados ao caso, como Blaze, Globo, Mel Maia e Carlinhos Maia, acumularam 156,3 mil menções até as 8h21 desta segunda-feira (18).

Além disso, o ex-BBB Rodrigo Mussi fez um comentário em um post com a foto de Viih Tube sobre “devolver o dinheiro que ganhou” com a divulgação. Eliezer, marido de Viih, defendeu a influenciadora em seu story falando sobre a ajuda que ela prestou a ele quando esteve doente e gerou ainda mais buzz em torna da situação. Os termos “Eliezer” e “Rodrigo Mussi” também entraram para os trending topics. Vale lembrar que Rodrigo também já fez propaganda para a Blaze, mas não possui mais um contrato vigente.

Vários outros influenciadores foram para as redes sociais se pronunciar sobre o caso. Alguns se justificaram, outros pediram desculpas; alguns criticaram a reportagem, outros soltaram o famoso “eu avisei” e há ainda quem segue divulgando jogos ilegais sem se abalar com a situação.

Confira abaixo algumas das opiniões dos usuários do X sobre o caso:

usuário brincando com a divulgação dos jogos da blaze por influenciadoresusuário fazendo meme com o caos que as reportagens do fantástico causaram

usuário criticando influenciadores por divulgar a blaze usuário fazendo meme com o caso entre eliezer e rodrigo mussi

usuário fazendo meme com o caso dos influenciadores e blaze usuário criticando resposta de carlinhos maia às denúncias

usuário fazendo meme com a ligação da mel maia com a blaze usuário fazendo meme com as denuncias entre influenciadores e blaze

Entenda a proibição de Jogos de Azar e Casas de Apostas

No Brasil, a prática de jogos de azar é proibida pela Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941), que criminaliza a exploração desses jogos em território nacional. Segundo a lei, é considerado contravenção penal “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele”.

Contudo, existem exceções previstas na legislação, como as loterias federais (gerenciadas pela Caixa Econômica Federal) e as apostas em corridas de cavalo (autorizadas pelo Ministério da Agricultura). A Lei 13.756, promulgada em 2018, introduziu uma nova modalidade de loteria, resultando em uma reclassificação das apostas de quota fixa no Brasil, que são apostas esportivas agora enquadradas como loterias.

A legislação considera como jogos de azar aqueles nos quais o ganho ou a perda dependem da sorte. No caso da Blaze, mencionada na reportagem, foi exposto o “jogo do aviãozinho”. Na última semana, o Fantástico já tinha realizado outra matéria sobre o “Jogo do tigrinho”.

Como resposta, os advogados da Blaze afirmaram que a empresa tem sede em Curaçao, no Caribe. E que, por isso, não configura infração penal, pois a empresa não estaria sujeita à legislação brasileira, ainda que tenha usuários brasileiros.

  • Mayrla Stayce

    Repórter estagiária em formação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

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